segunda-feira, 25 de junho de 2007

Ponto de Partida


Começou com o gosto pelo café no início da noite. Sabia que seria longa a jornada madrugada à dentro. Resolveu ir até a varanda, sentir a brisa fria da praia que, vinha com cheiro de chuva. As árvores balançavam e, o barulho dos galhos lhe causava arrepios.

Mas não era importante, não queria sentir o tempo passar, como sentia seu coração bater pesadamente. E o que lhe confortava, era sentir entre os dedos o calor da caneca quente do café. Pensou na água que caia, e imaginou-se no banho. Precisava lavar não só seu corpo, mas, queria sentir-se como a alma limpa.

“Vai ficar tudo bem”, ela pensava. Mas não estava tudo bem, nada ia ser como antes. Não haveria mais os passeios sob a areia fofa, e a água morna do mar a molhar seus pés. Não haveria o sorvete e as risadas nas noites estreladas, nem mesmo as conversas embaixo da sombra da jaqueira. Aqueles dias não voltariam, por mais que ela fechasse os olhos e, sentisse o cheiro de como era bom.

A água escorria fria por todo seu corpo, sentia-se encharcada, e não sabia diferenciar as lágrimas silenciosas com as gotas do chuveiro. Queria gritar, e não podia. Queria correr, e não podia. Ela queria exatamente que nada daquilo tivesse acontecido. Lembrara-se das cartas que costumavam trocar, mesmo com toda tecnologia, gostavam de sentir o cheiro de tinta no papel, e até mesmo um pouco do perfume de suas mãos.

Uma delas, ela havia escrito em uma noite como aquela; fresca e chuvosa. E agora ela sentia que nada mais lembrava outrora, além da chuva e da brisa noturna. Fechou o chuveiro, secou o corpo e as lágrimas e, enrolada na toalha, descalça, foi até seu quarto. Acendeu um incenso, pôs uma musica que costumavam ouvir e, sentou-se na janela com seu maço de cigarros. Ela havia prometido que, após seu aniversário ia largar o vicio. Mas sabia que não teria mais o incentivo de antes, não teria quem esconder-lhe o isqueiro, tampouco quem afogasse seus fósforos. Resolveu deitar, a chuva fina havia começado a molhar-lhe a pele, sentia frio, então.

O incenso já estava no fim, o CD repetia a mesma faixa já algum tempo, e ela estava encolhida na cama, nua por debaixo de sua toalha. Olhos arregalados, pavor! Não queria dormir, não queria sentir o tempo passar mais e mais, aumentando a distancia dos dias. Queria ligar, mas não tinha para quem, queria falar, mas não tinha com quem. Então dormiu. E o dia amanheceu ensolarado.

Eles iam gostar de ver aquele céu. Certamente, o viram lá do alto.




º° Bibian °º

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu simplesmente AMEIIIIIIIIII seu texto Vivi!!!!
Pode ter certeza que virei aqui todos os dias vê se tem um novo!!!


Beijossss!!!!

Anônimo disse...

Coisa linda....muito bom!!!